terça-feira, 16 de setembro de 2008

BAIRROS DO RIO

Lagoa
A lagoa Rodrigo de Freitas era chamada pelos índios de Sacopenapã, "caminho de socós", em virtude das aves semelhantes às garças que se alimentavam de peixes nela muito abundantes, denominação que posteriormente foi deturpada para Sacopã. Os primeiros registros sobre a Lagoa são de 1575, quando o Governador Antônio Salema instalou o Engenho d'El Rey, de cana de açúcar, em suas margens. Em fins do século XVI, a lagoa chamava-se Amorim Soares, já nos começos do século XVII passava para Fagundes Varela, e, em 1660, para Rodrigo de Freitas, nomes dos proprietários do engenho que se sucederam.Em 1809, logo depois da chegada da Cõrte Portuguesa, o Príncipe Regente, para construir a fábrica de pólvora e a fundição de peças de artilharia fora dos limites da cidade, desapropriou as terras que pertenceram a Rodrigo de Freitas. Em 1920, o engenheiro carioca Carios César de Oliveira Sampaio assumiu a Prefeitura do então Distrito Federal, executando o saneamento e o embelezamento da Lagoa Rodrigo de Freitas, a abertura da Avenida Epitácio Pessoa e a construção do canal da barra, ou seja, o de comunicação da lagoa com o mar, que aparece ao fundo na parte central das imagens, atual canal do Jardim de Alah, e que separa f isicamente os bairros de Ipanema e do Leblon. A construção da Avenida Epitácio Pessoa, que circunda a Lagoa pelo lado de Ipanema, deve-se ao Prefeito Carlos Sampaio, que em 1920 tomou a iniciativa pela sua abertura com as expressivas dimensões para a época; 30 metros de largura, composta de duas pistas de 7 metros cada, separadas por um canteiro central de 8 metros de largura.
Pão de Açucar
O nome Pão de Açucar é originário da semelhança com a forma cônica de uma peça que era usada para solidificação do melaço da cana de açúcar.O primeiro trecho do caminho aéreo do Pão de Açúcar foi inaugurado em 1912, partindo da Praia Vermelha até o Morro da Urca. O segundo, iniciando no alto da Urca e chegando ao cume do Pão de Açúcar, com seus 390 metros de altura, começou a funcionar em 1913.
Praia de São Conrado
A Praia de São Conrado, antiga Praia da Gãvea nome dado pelos portugueses, que associaram a uma gávea de veleir antigo, vista do mar, a majestosa pedra de 840 m que domina toda a região. Durante séculos, a área pertenceu à família de Salvador Correia de Sã e Benevides, neto do primeiro capitão-mor do Rio de Janeiro. As terras lhe foram doadas pelo rei de Portugal, como recompensa pela bravura na defesa da costa brasileira e por ter conduzido de Recife a Lisboa uma esquadra de 30 navios a salvo dos ataques holandeses. As primeiras referências àquela área são do século XVII, quando os herdeiros de Correia de Sã iniciaram ali o cultivo da cana de açúcar, num local conhecido como Morgadio do Asseca, cuja sede foi preservada e hoje abriga a Vila Riso. No III Império, uma boa parte das terras era de propriedade do senador José Pedro Dias de Carvalho que, mais tarde, foram adquiridas pelo conselheiro Antônio Ferreíra Viana, ministro da Justiça de D. Pedro II. Com a abertura da Avenida Niemeyer e a inauguração da Igreja de São Conrado, que deu origem ao atual nome do local, em 1916, obras financiadas pelo Comendador Conrado Jacob Niemeyer, foi que a área acabou definitivamente integrada à cidade. Em 1921, um grupo de americanos, ingleses e brasileiros adquiriram dos herdeiros de Ferréíra Viária, Ministro da Justiça de D. Pedro II, que possuia uma extensa área de fazenda de cana de açúcar em São Conrado, os terrenos para a instalação do Gávea Country Club, mais tarde Gávea Golf.
Niemayer
Em 1891, no Governo de Deodoro, a Companhia Viação Férrea Sapucahy, obteve essão para construir uma estrada de ferro, ligando pelo litoral, Botafogo a Angra dos Reis, com 193 km de extensão. Trechos da estrada já estavam prontos quando as obras foram impugnadas, fazendo com que a Sapucahy abandonasse definitivamente o projeto. Por volta de 1912, o diretor do Colégio Anglo- Brasileiro, Charies Armstrong, que ficava no Vidigal, para tornar o caminho mais acessível ao seu estabelecimento, construiu 1 km de estrada, aproveitando o leito abandonado da ferrovia. A aprazível Avenida Niemeyer, deve-se ao Comendador Conrado Jacob Niemeyer, proprietário de terras nas redondezas, que doou a avenida à cidade, em 1916, concluindo as obras projetadas por Paulo de Frontin, ligando definitivamente o final do lebion à Praia de São Conrado, antigo nome da Praia da Gávea.
Canal do Mangue
Antes de sua construção existia um enorme pântano no local, próximo à Cidade Nova que era um foco permanente de doenças devido ao ambiente propício... O local foi então aterrado e construiu-se um canal e uma ponte sobre o mangue para facilitar a passagem do Rei e de sua comitiva no trajeto da Quinta de São Cristovão para o Paço da cidade. Em 1857, foi inaugurado a obra que tornou-se a primeira obra de saneamento do Rio de Janeiro executada no Império, e que possibilitaria a extinção da Lagoa da Sentinela e dos pantanais de São Diogo que se espalhavam até quase ao Campo de Santana. O Barão de Mauá foi chamado para a construir o canal , que foi inaugurado junto com a sua fábrica de gás para iluminação pública e doméstica nas proximidades da Praça Onze.
Arcos da Lapa
Desde o começo da instalação da cidade, foi o rio Carioca seu principal abastecedor de água potável.Em 1750 visando aproximar a fonte de água da cidade foi construido o Aqueduto da Carioca, abastecendo de água a região que compreendia o retângulo balizado pelos morros do Castelo, São Bento, Conceição e Santo Antônio. O projeto primitivo para o abastecimento de água previa a construção de um encanamento que se estendia ao longo dos morros do Silvestre e das Laranjeiras, até o do Desterro, atual Santa Teresa,prolongando-se em direção à Lapa indo terminar nas imediações da ermida da Ajuda.Com a alteração do traçado para abastecer um chafariz no largo da Carioca, tornou-se necessária a construção de um aqueduto ligando os morros de Santa Teresa e Santo Antônio, o que se obteve com a obra de arte chamada de Arcos da Carioca. O aqueduto consta de uma dupla fileira de arcadas, com 64 metros de altura e 270 de comprimento.Foi transformado em viaduto no ano de 1896, para ser usado como acesso dos bondes elétricos ao bairro de Santa Teresa.
Teatro Municipal
O Teatro Municipal, inaugurado em 1909, foi executado sob os traços de Francisco de Oliveira Passos, filho do prefeito Pereira Passos, que participou de concurso público, vencendo com o seu projeto.
Palácio Monroe
O majestoso Palácio Monroe, que figura em numerosos postais do final da Avenida Rio Branco, foi erguido em 1906 para a Terceira Conferência Paris Americana, servindo, posteriormente, para diversos órgãos públicos, sendo que o período mais significativo de sua existência foi quando abrigou o Senado Federal. Na década de 70 foi efetivada a demolição do Monroe, por motivos ainda não bem esclarecidos, uma vez que as obras de construção do Metrô (na época foi atribuido ao metrô a sua destruição...), evitaram suas fundações com uma curva em seu traçado , na época de sua destruição.
Avenida Rio Branco
A iniciativa de reformar o centro da cidade , construindo a Avenida Central , hoje com nome de Avenida Rio Branco , coube a Hausssmann pela prefeitura de Pereira Passos.Foi aberto um avenida com 1800 metros de comprimento e 33 metros de largura, exigindo a demolição de 590 velhos prédios.As obras foram iniciadas em 8 de março de 1904.Os canteiros que dividiam a Avenida Central tinham plantados árvores de Pau-brasil e os Jambeiros nas calçadas laterais.
Praça XV
A atual Praça XV de Novembro é um dos sítios históricos mais importante da cidade do Rio de Janeiro, devido aos acontecimentos ali ocorridos que afetaram significativamente os destinos do Brasil. O prédio do Paço Imperial foi inaugurado em 1743, por iniciativa de Gomes Freire de Andrade, depois Conde de Bobadela, com o nome de Paço dos Vice-Reis, contrariando uma ordem régia portuguesa que reservava tal designação apenas às residências reais. Ao fundo da praça figuram as importantes construções do Convento e da Igreja do Carmo e da Igreja da Ordem Terceira, antes Capela Real e depois Imperial. Construído pelo vice-rei Luís de Vasconcelos e Sousa (1779-1790), como réplica do cais do porto de Lisboa, permitia o desembarque de mercadorias e passageiros no então Largo do Paço, na época o coração do Rio.Mais tarde, em 1902, acrescentou-se outro cais ao primitivo que recebeu o nome de Cais Pharoux. O nome do cais está ligado a Louis Pharoux (Paris, 1791 - Paris, 1868), soldado de Napoleão que se tornou hoteleiro na Rua da Quitanda e depois na Rua Fresca, hoje desaparecida, que por sua conta e com autorização do governo executou diversas melhorias no cais de desembarque do Rio de Janeiro.

O TABU DA FOME


A história da humanidade tem sido, desde o princípio, a história de sua luta pela obtenção do pão nossa de cada dia. Parece, pois, difícil explicar e ainda mais difícil compreender o fato singular de que o homem – este animal pretensiosamente superior, que tantas batalhas venceu contra as forças da natureza, que acabou por se proclamar seu mestre e senhor – não tenha até agora obtido uma vitória decisiva nesta luta por sua própria subsistência. Basta ver que, depois deste longo período de algumas centenas de milhares de anos de batalha, hoje se verifica, sob critério de observação científica, que cerca de dois terços da população do mundo (em 1946) vivem num estado permanente de fome; que cerca de um milhão e meio de seres humanos não encontram recursos para escapar às guerras da mais terrível de todas as calamidades sociais.
Será a calamidade da fome um fenômeno natural, inerente à própria vida, uma contingência irremovível como a morte? Ou será a fome uma praga social criada pelo próprio homem? Eis o delicado e perigoso assunto debatido. Assunto tão delicado e perigoso por suas implicações políticas e sociais que até quase aos nossos dias permaneceu como um dos tabus da nossa civilização – uma espécie de tema proibido ou, pelo menos, pouco aconselhável para ser abordado publicamente.
Assim, tornou-se a fome qualquer coisa de vergonhosa como o sexo. Qualquer coisa de impuro e escabroso e, portanto, indigna de ser tocada – um tabu.
[...]
O fato surpreende ainda mais quanto comparamos o caso da fome com o das outras calamidades que costumam assolar o mundo – as guerras e as epidemias, por exemplo – e verificamos como a menos estudada e debatida a menos conhecida em suas cousas e efeitos, é exatamente a fome. Para cada estudo sobre os problemas da fome aparecem mais de mil publicações acerca dos problemas da guerra. No entanto, o desgaste humano produzido pela fome é bem maior do que o das guerras e das epidemias em conjunto. Estragos mais extensos em número de vítimas e tremendamente mais graves em suas conseqüências biológicas e sociais.
Já Waser, no século XIX, tinha chamado a atenção para o fato de que as perdas de vidas causadas pela peste ou pela guerra costumam ser reparadas num prazo médio de dez anos, enquanto, em seguida às grandes fomes, os sobreviventes permanecem destroçados pelo resto de suas vidas. Finalmente, para dissipar quaisquer dúvidas e tornar indiscutível o primado da destruição pela fome, basta que se ponha em relevo o fato, de observação universal, de que ela constitui a mais efetiva causa das guerras e o mais propício preparo do terreno para a eclosão das grandes epidemias.
É, pois, a fome, indiscutivelmente, a mais fecunda matriz de calamidade e dela, no entanto, a nossa civilização sempre procurou desviar a vista, com medo de enfrentar sua triste realidade.
Josué de Castro. Geopolítica da fome, 7. ed. São Paulo, Brasiliense, 1965.

O TABU DA FOME


A história da humanidade tem sido, desde o princípio, a história de sua luta pela obtenção do pão nossa de cada dia. Parece, pois, difícil explicar e ainda mais difícil compreender o fato singular de que o homem – este animal pretensiosamente superior, que tantas batalhas venceu contra as forças da natureza, que acabou por se proclamar seu mestre e senhor – não tenha até agora obtido uma vitória decisiva nesta luta por sua própria subsistência. Basta ver que, depois deste longo período de algumas centenas de milhares de anos de batalha, hoje se verifica, sob critério de observação científica, que cerca de dois terços da população do mundo (em 1946) vivem num estado permanente de fome; que cerca de um milhão e meio de seres humanos não encontram recursos para escapar às guerras da mais terrível de todas as calamidades sociais.
Será a calamidade da fome um fenômeno natural, inerente à própria vida, uma contingência irremovível como a morte? Ou será a fome uma praga social criada pelo próprio homem? Eis o delicado e perigoso assunto debatido. Assunto tão delicado e perigoso por suas implicações políticas e sociais que até quase aos nossos dias permaneceu como um dos tabus da nossa civilização – uma espécie de tema proibido ou, pelo menos, pouco aconselhável para ser abordado publicamente.
Assim, tornou-se a fome qualquer coisa de vergonhosa como o sexo. Qualquer coisa de impuro e escabroso e, portanto, indigna de ser tocada – um tabu.
[...]
O fato surpreende ainda mais quanto comparamos o caso da fome com o das outras calamidades que costumam assolar o mundo – as guerras e as epidemias, por exemplo – e verificamos como a menos estudada e debatida a menos conhecida em suas cousas e efeitos, é exatamente a fome. Para cada estudo sobre os problemas da fome aparecem mais de mil publicações acerca dos problemas da guerra. No entanto, o desgaste humano produzido pela fome é bem maior do que o das guerras e das epidemias em conjunto. Estragos mais extensos em número de vítimas e tremendamente mais graves em suas conseqüências biológicas e sociais.
Já Waser, no século XIX, tinha chamado a atenção para o fato de que as perdas de vidas causadas pela peste ou pela guerra costumam ser reparadas num prazo médio de dez anos, enquanto, em seguida às grandes fomes, os sobreviventes permanecem destroçados pelo resto de suas vidas. Finalmente, para dissipar quaisquer dúvidas e tornar indiscutível o primado da destruição pela fome, basta que se ponha em relevo o fato, de observação universal, de que ela constitui a mais efetiva causa das guerras e o mais propício preparo do terreno para a eclosão das grandes epidemias.
É, pois, a fome, indiscutivelmente, a mais fecunda matriz de calamidade e dela, no entanto, a nossa civilização sempre procurou desviar a vista, com medo de enfrentar sua triste realidade.
Josué de Castro. Geopolítica da fome, 7. ed. São Paulo, Brasiliense, 1965.

ZUMBI

Nome original de uma das tribos africanas, para muitos Zâmbi – nome conferido ao líder do maior e mais famoso de todos os Quilombos. Também identificado por Ganga Zumba, chefe principal de um povo, seria uma espécie de Rei, aglutinado em seu título às qualidades de um Deus.
Um dos líderes mais famoso da resistência contra a escravidão no Brasil. Nascido em 1655, em uma aldeia do Quilombo dos Palmares, Serra da Barriga hoje Estado de Alagoas, na época Capitania de Pernambuco. Entre muitos escravizados, chegou também a princesa Aqualtune, que seria mãe de dois chefes dos mocambos e que mais tarde, uma de suas filhas, lhe deu como neto o menino que entraria para história como Zumbi dos Palmares. Recém-nascido, foi prisioneiro e entregue ao Padre Antônio Melo da freguesia de Porto Calvo (atual Alagoas) e batizado com o nome de Francisco.
Foi coroinha, estudou latim e português. Em 1670 fugiu da paróquia. Corajoso, tinha capacidade de organizar e liderar, ainda jovem, tornando-se líder de um povoado pelo acordo de Ganga Zumba em 1678, Zumbi organizou as forças armadas de Palmares.
Com a invasão holandesa de 1630, os portugueses enfraqueceram a violência sobre os escravos, o que levou a população de Palmares representada pela comunidade dos ex-escravos crescer rapidamente a, . O Quilombo dos Palmares possuía sua economia própria e chegou a contar com mais do 20.000 pessoas que resistiram por mais de 65 anos. Em 1692 Domingos Jorge Velho, bandeirante paulista especialista em caçar índios, confiado pelo governo de Pernambuco, partiu para destruir o Quilombo, que mais tarde foi brutalmente massacrado na segunda tentativa.
Zumbi conseguiu escapar, fugindo com um pequeno grupo e em 20 de novembro de 1695, foi capturado e morto, cortando a cabeça e pendurado-a num poste em praça pública, na cidade de Recife. (Há controvérsias, alguns afirmam que Zumbi viveu sua velhice em uma fazendo no interior de Pernambuco – essa última ainda não foi comprovada).
O dia 20 de novembro foi dedicado ao Dia Nacional da Consciência Negra no Brasil, por ter sido o dia mais provável de sua “morte”.
CENTRO CULTURAL NORDESTE. RIO DE JANEIRO, RJ.PROF. JOÃO OLIVEIRA TIMBÓ

Matemática

As virtudes da Matemática

Encontramos, perto de um antigo rancho meio abandonado, três homens que discutiam acaloradamente ao pé de um lote de camelos.
Por entre pragas e impropérios gritavam possessos, furiosos:
- Não pode ser!
- Isto é um roubo!
- Não aceito!
O inteligente Beremiz procurou informar-se do que se tratava.
- Somos irmãos – esclareceu o mais velho - e recebemos, como herança, esses 35 camelos. Segundo a vontade expressa de meu pai, devo receber a metade, o meu irmão Hamed Namir uma terça parte e ao Harim, o mais moço, deve tocar apenas a nona parte. Não sabemos, porém, como dividir dessa forma 35 camelos e a partilha proposta segue-se a recusa dos outros dois, pois a metade de 35 é 17 e meio. Como fazer a partilha se a terça parte e a nona parte de 35 também não são exatas?
- É muito simples – olhou o homem que calculava. – Encarregando-me de fazer, com justiça, essa divisão, se permitirem que eu junte aos 35 camelos da herança este belo animal que, em boa hora, aqui nos trouxe!
Neste ponto, procurei intervir na questão:
- Não posso consentir semelhante loucura! Como poderíamos concluir a viagem, se ficássemos sem o camelo?
- Não te preocupes com o resultado, sei muito bem o que estou fazendo. Cede-me o teu camelo e verás no fim a que conclusão quero chegar.
Tal foi o tom de segurança com que ele falou que não tive dúvida em entregar-lhe o meu belo camelo, que, imediatamente, foi reunido aos 35 ale presentes, para serem repartidos pelos três herdeiros.
- Vou, meus amigos, - disse ele, dirigindo-se aos três irmãos – fazer agora a divisão justa e exata dos camelos que são agora, como vêm, em número de 36.
E, voltando-se para o mais velho dos irmãos, assim falou:
- Devereis receber, meu amigo, a metade de 35, isto é, 17 e meio. Receberás a metade de 36 e, portanto, 18. Nada tens a reclamar, pois é claro que saíste lucrando com esta divisão!
- E, dirigindo-se ao segundo herdeiro, continuou:
- E tu, Hamed Namir, deverias receber um terço de 35, isto é, 11 e meio. Vais receber um terço de 36, isto é, 11 e pouco (11,666). Vais receber um terço de 36, isto é, 12. Não poderás protestar, pois tu também saíste com visível lucro na transação.
E disse, por fim, ao mais moço:
- E tu, jovem Harim Namir, segundo a vontade de teu pai, deverias receber um nona parte de 35, isto é, 3 e tanto (3,888). Vais receber uma nona parte de 36, isto é, 4. O teu lucro foi igualmente notável. Só tens a agradecer-me pelo teu resultado!
E concluiu com a maior segurança e serenidade:
- Pela vantajosa divisão feita entre os irmãos Namir – partilha em que todos três saíram lucrando – couberam 18 camelos ao primeiro, 12 ao segundo e 4 ao terceiro, o que dá um resultado (18+12+4=34) de 34 camelos. Dos 36 camelos, sobram, portanto, dois. Um pertence, como sabem, ao meu amigo e companheiro, outro toca por direito a mim, por ter resolvido, a contento de todos, o complicado problema da herança!

Tahan, Malba. “O homem que calculava”. Editora Conquista. 22a edição Rio de Janeiro 1965 . Páginas 16, 17 e 18.

João Cabral de Melo Neto

TECENDO A MANHÃ

Um galo sozinho não tece uma manhã:
Ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
E o lance a outro; de um outro galo
Que apanhe o grito que um galo antes
E o lance a outro; e de outros galos
Que com muitos outros galos se cruzem
Os fios de sol de seus gritos de galo,
Para que a manhã, desde uma teia tênue,
Se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorporando em tela, entre todos,
Se erguendo em tenda, onde entrem todos,
Se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
Que, tecido, se eleva por si: luz balão.

Um galo sozinho não tece uma manhã:
Ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
E o lance a outro; de um outro galo
Que apanhe o grito que um galo antes
E o lance a outro; e de outros galos
Que com muitos outros galos se cruzem
Os fios de sol de seus gritos de galo,
Para que a manhã, desde uma teia tênue,
Se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorporando em tela, entre todos,
Se erguendo em tenda, onde entrem todos,
Se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
Que, tecido, se eleva por si: luz balão.

(João Cabral de Melo Neto)

Mensagem

ERGA-SE

(Letícia Thompson)


Sabe aquele momento em que a gente pensa que chegou no limite das próprias forças e
que não vai mais conseguir avançar?
Quando não contemos as lágrimas (e nem devemos!) e tudo parece um grande vazio...
Esse momento que, não importa a nossa idade, pensamos que já é o fim... e um desânimo
enorme toma conta da gente...
Esse momento, ao contrário do que parece, é justamente o ponto de partida!!!
Se chegarmos a um estado em que não avançamos mais, é que devemos provavelmente
tomar uma outra direção.
Quando chegamos a esse ponto de tal insatisfação é sinal de que alguma coisa deve ser feita.
Não espere que os outros construam para você, planeje e faça!
Você é responsável pelos próprios sonhos e pela realização destes.
Nas obras da vida não precisamos de arquitetos para planejar por nós.
Com um pouco de imaginação e um muito de boa vontade podemos reconstruir a casa
que vamos morar e o futuro que nos oferecemos.
É humano se sentir fragilizado às vezes e mesmo necessário para que tenhamos consciência
que não somos infalíveis, não somos super-heróis, mais seria desumano parar por aí.
É injusto. Para os outros, mas principalmente para consigo mesmo.
Recomeçar é a palavra!
Recomeçar cada vez, a cada queda, a cada fim de uma estrada! Insistir!...
Se alguém te feriu, cure-se!
Se te derrubarem, levante-se!
Se te odeiam, ame!
Erga-se! Erga a cabeça!
Olhando para baixo só podemos ver os próprios pés.
É preciso olhar para frente.
Plante uma árvore, faça um gesto gentil, tenha uma atitude positiva.
É sempre possível fazer alguma coisa!
Não culpe o outro pelas próprias desilusões, pelos próprios fracassos.
Se formos nossos próprios donos para as nossas vitórias, por que não seríamos para
as nossas derrotas?
Onde errou, não erre mais!
Onde caiu, não caia mais!
Se você já passou por determinado caminho, deve ter aprendido a evitar certas armadilhas.
Então siga!
Não se esqueça de uma grande promessa feita na Bíblia:
“Esforça-te e eu te ajudarei”.
Dê o primeiro passo... Depois caminhe!!!
Tenho certeza que a felicidade não mora ao seu lado, nem à sua frente, ela está junto de você!
Descubra-se, faça-se feliz e tenha um lindo dia!

Ideais


“A escola não pode ser uma agência formadora de mão-de-obra para os setores produtivos considerados prioritários. Seu objetivo central deve ser: formar o educando como homem (ser humano) e cidadão, e não apenas prepará-lo para o exercício de funções produtivas nas empresas, para ser consumidor competente dos produtos disponíveis no mercado”.

Rodrigues, Neidson. Lições do Príncipe e outras lições. São Paulo. Cortez/Autores
Associados. 1984 (Coleção Polêmicas do Nosso Tempo) – páginas: 83-4

Retirado do livro A ESCOLA DO TRABALHO E O TRABALHO DA ESCOLA – Luiz Antonio de Carvalho Franco. 3ª edição. Editora Cortez. Col. Polêmicas do Nosso Tempo. Número 22.